Ao alfabeto da língua portuguesa acrescem-se as letras K, W e Y, e ele passa a ter 26 letras:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
Estas letras já se usavam como símbolos de medidas (km, kg, W).
USO DE VOGAIS ÁTONAS E E I
AO1 / AO13 / AO14
Em palavras com sufixos –ano e –ense que se combinam com um i que pertencem ao tema (havaiano [de Havaí], italiano [de Itália] etc.) ou derivadas de palavras que têm na última sílaba um e átono (Acre, Açores), escreve-se antes da sílaba tónica –iano e não –eano: acriano, açoriano, sofocliano, torriense.
Mas escreve-se –eano se a última sílaba da palavra de origem tiver e tônico: daomeano, guineano ou guineense etc.
MUDANÇAS NA ACENTUAÇÃO E NO USO DO TREMA
AO2
Os ditongos abertos tônicos éi e ói perdem o acento agudo quando caem na penúltima sílaba (portanto, de
palavras paroxítonas):
idéia(s) passa a ser ideia(s)
jóia(s) passa a ser joia(s)
geléia(s) passa a ser geleia(s)
tramóia(s) passa a ser tramoia(s)
epopéia(s) passa a ser epopeia(s)
apóia passa a ser apoia
epopéico(s) passa a ser epopeico(s)
heróico(s) passa a ser heroico(s)
hebréia(s) passa a ser hebreia(s)
debilóide(s) passa a ser debiloide(s)
O acento não cai se incide nesses ditongos em sílabas tônicas de palavras oxítonas (com acento
tônico na última sílaba) ou proparoxítonas (com acento tônico na antepenúltima sílaba):
anéis continua anéis
herói(s) continua heróis(s)
fiéis continua fiéis
anzóis continua anzóis
axóideo(s) continua axóideo(s)
AO3 / AO4
Cai o acento circunflexo de palavras paroxítonas terminadas em ôo e em êem:
vôo passa a ser voo
dêem passa a ser deem
enjôo passa a ser enjoo
vêem passa a ser veem
acôo passa a ser acoo
crêem passa a ser creem
abençôo passa a ser abençoo
lêem passa a ser leem
As flexões dos verbos ter e vir na 3ª pess. pl. do pres. do indic. mantêm o acento: têm, vêm,
diferençando das flexões de 3ª pess. sing. tem, vem, bem como nos derivados desses verbos, como mantém e
mantêm, provém e provêm, retém e retêm, convém e convêm etc.
AO5
Não se usa acento gráfico (agudo ou circunflexo) em palavras paroxítonas para diferençá-las de outras
palavras delas homógrafas (com a mesma grafia). São estas as palavras afetadas:
pára (flexão de parar) e para (preposição) passam a ser para
péla(s) (subst. fem.), pelas (flexão de pelar) e pela(s) contração por + a(s) passam a ser pela(s)
pélo (fexão de pelar), pêlo (subst. masc.) e pelo (contração por + o) passam a ser pelo(s)
péra(s) (subst, fem.= pedra) , pêra(s) (subst. fem.) e pera (prep. = para) passam a ser pera(s)
pólo(s) (subst. masc.) e polo(s) (comb. de por + lo(s) passam a ser polo(s)
!Lembre-se: o v. pôr (infinitivo) e pôde (flexão na 3ª pes. sing. pret. perf. do v. poder) mantêm o acento,
diferençando respectivamente da preposição por e da flexão de 3ª pess. sing. do pres. indic. pode
É facultativo usar ou não circunflexo em fôrma (com o fechado) para diferençar de forma (com o aberto)
AO6
Perdem o acento agudo as vogais tônicas i e u de palavras paroxítonas, quando antecedidas de ditongo:
boiúno passa a ser boiuno feiúra passa a ser feiura
baiúca passa a ser baiuca alauíta passa a ser alauita
AO16
Mantém-se o acento quando a palavra é proparoxítona (feiíssimo, bauínia) ou oxítona (tuiuiú, teiú, teiús)
AO7
Nos verbos arguir e redarguir deixa-se de usar o acento agudo no u tônico nas flexões rizotônicas (ou
seja, nas quais o acento tônico cai em sílaba do radical, no caso argu e redargu
argúo passa a ser arguo
redargúo passa a ser redarguo
argúis passa a ser arguis
redargúis passa a ser redarguis
argúi passa a ser argui
redargúi passa a ser redargui
argúem passa a ser arguem
redargúem passa a ser redarguem
argúa passa a ser argua
redargúa passa a ser redargua
argúas passa a ser redarguas
argúam passa a ser redarguam
Nos verbos terminados em –guar, -quar, e –quir (aguar, apaziguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc.),
as flexões podem ser pronunciadas com acento na sílaba do u ou, como no Brasil, na sílaba anterior. No
primeiro caso cai o acento agudo do ú, no segundo, a vogal tônica da sílaba anterior recebe acento agudo:
agúo passa a ser aguo ou águo
averigúo passa a ser averiguo ou averíguo
apropinqúo passa a ser apropinquo ou apropínquo
delinqúo passa a ser delinquo ou delínquo
AO8
O trema deixa de ser usado para assinalar a pronúncia do u* em sílabas como güe, güi, qüe e qüi.
Permanece em palavras estrangeiras e suas derivadas
agüentar passa a ser aguentar sagüi passa a ser sagui
freqüência passa a ser frequência tranqüilo passa a ser tranquilo
mülleriano continua mülleriano
*mesmo sem o trema, o u continua a ser pronunciado
MUDANÇAS NO USO DO HÍFEN EM PALAVRAS COMPOSTAS
Usa-se o hífen em palavras compostas cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal
compõem uma unidade sintagmática e de significado e mantêm cada um sua acentuação própria (o
primeiro elemento pode estar em forma reduzida):
ano-luz, arco-íris, decreto-lei, médico-ortopedista, segundo-tenente, guarda-noturno, mato-grossense, afrobrasileiro,
quarta-feira, vermelho-claro, primeira-dama, conta-gotas, marca-passo, tira-teima, bota-fora etc.
O Acordo menciona explicitamente as exceções (em compostos nos quais se perdeu em certa
medida a noção de composição) que se grafam aglutinadamente:
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista , paraquedismo
A definição do conceito da exceção (‘em certa medida’, ‘noção de recomposição’) e o ‘etc.’
final tornam a aplicação desta regra um tanto vaga. A nova edição do Vocabulário Ortográfico definirá as
dúvidas porventura subsistentes. A posição da ABL, no processo de edição do V.O., portanto antes de sua
publicação, era de que o etc. deve ser desconsiderado valendo como exceção apenas as explicitamente
mencionadas (acima). Todas as outras, portanto, manteriam o hífen: para-lama, para-brisa, lero-lero, marcapasso,
tira-teima, cata-vento, passa-tempo etc.
Já vigentes na prática, são agora definidos como regras:
a) Nos topônimos (nomes de lugares geográficos) usa-se hífen com os prefixos Grão- e Grã-, em nomes cujo primeiro elemento é verbal e quando os elementos estão ligados por artigos: Grão-Pará, Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Trás-os-Montes, Todos-os-Santos
b) Têm hífen palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, erva-doce, andorinha-do-mar, bem-te-vi, leão-marinho
Usa-se hífen (e não travessão) entre elementos que formam não uma palavra, mas um encadeamento vocabular:
ponte Rio-Niterói, Alsácia-Lorena, Liberdade-Igualdade-Fraternidade
Não se usa hífen em locuções (alguns exemplos): substantivas: café da manhã, fim de semana, cão de guarda adjetivas: cor de açafrão, cor de vinho pronominais: cada um, ele mesmo, quem quer que seja adverbiais: à vontade, à parte, depois de amanhã prepositivas: a fim de, acerca de, por meio de, a par de
conjuncionais: contanto que, no entanto, logo que
Exceções consagradas pelo uso: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que perfeito, pé-demeia, ao deus-dará, à queima-roupa
Também é um tanto vaga a noção de ‘consagrada pelo uso’, o que implica que só com a publicação do V.O. estarão definidas todas as locuções em que se usa (ou não) hífen., como, p.ex., água que passarinho não bebe, arco da aliança, água de cheiro etc. Pressupõe-se que, na lógica de só serem válidas as
exceções explicitamente mencionadas no Acordo, todas deverão perder o hífen, desconsiderando-se o ‘etc.’
MUDANÇAS NO USO DO HÍFEN EM PALAVRAS COMPOSTAS POR PREFIXAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO
AO17
Geralmente, a não ser nas exceções que serão estabelecidas na regras seguintes, em palavras compostas
com prefixos ou falsos prefixos (radicais gregos ou latinos que ganharam o significado das palavras das
quais faziam parte, como aero, radio, tele etc.) usa-se hífen se o segundo elemento começa por h
anti-histórico, super-homem, multi-horário, mini-habitação, co-herdeiro
!Atenção: quando se usam os prefixos des- e in- (e tb. com an e dis) caem o h e o hífen: desumano,
inabitável, desonra, inábil, anistórico, disidria
Também com os prefixos co- e re- eliminam-se o h e o hífen: coerdar, coabitar, reabilitar, reabitar
AO9
Passa-se a usar hífen entre o prefixo e o segundo elemento quando o prefixo termina na mesma vogal
pela qual começa o segundo elemento:
antiinflacionário passa a ser anti-inflacionário teleeducação passa a ser tele-educação
neoortodoxia passa a ser neo-ortodoxia
Obs.: nos prefixos terminados em a, já era o uso vigente, agora consolidado pela regra: contra-almirante,
extra-articular, ultra-alto
!Exceção: o prefixo co- se aglutina com segundo elemento começado por o: cooptar, coobrigação
re- se aglutina com palavras começadas por e: reeleição, reestudar. Reerguer
AO12
Usa-se hífen com circum- e pan- quando seguidos de elemento que começa por vogal, m e n, além do já
citado h:
cirumnavegação passa a ser circum-navegação circumediterrâneo passa a ser circum-mediterrâneo
circumeridiano passa a ser circum-meridiano
Obs.: já era uso vigente para pan- e alguns usos de circum-, agora ratificados como regra
Usa-se hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa pela
mesma consoante ou por r ou h
Obs.: São casos desta regra, e também de regra específica do Acordo, o uso de hífen com os prefixos hiper-,
inter-, super, ciber- e nuper- quando o segundo elemento começa por r ou h (hiper-requintado, interresistente,
super-radical, inter-hospitalar); não se usa hífen em outros casos nos quais o prefixo termina em
consoante e o segundo elemento começa por vogal ou consoante diferente de h ou r: subseqüência,
sublinear, subaquático (mas sub-reptício, sub-rogar), interativo, hiperativo, superabundante, hiperacidez,
interlocução. O uso de hífen com sub-r... é omitido no Acordo.
AO10
• Quando o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s não se usa
mais o hífen e a consoante r ou s é duplicada:
ultra-som passa a ser ultrassom anti-semita passa a ser antissemita
micro-sistema passa a ser microssistema mini-saia passa a ser minissaia
maxi-resultado passa a ser maxirresultado contra-regra passa a ser contrarregra
co-seno passa a ser cosseno semi-reta passa a ser semirreta
AO11
Não se usa hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por
vogal diferente ou consoante (se esta for r ou s, como visto acima, se duplica):
auto-escola passa a ser autoescola extra-escolar passa a ser extraescolar
co-piloto passa a ser copiloto supra-escrito passa a ser supraescrito
auto-imune passa a ser autoimune contra-ordem passa a ser contraordem
Obs.: Alguns desses usos (antiaéreo, plurianual, prefixo seguido de consoante etc.) já eram vigentes, outros
não (exemplos acima), agora todos estão submetidos à regra
Alguns casos que não mudam, mas convém lembrar:
Com os prefixos ou falsos prefixos ex-, sota-, soto-, vice- vizo-, pré-, pró- e pós- sempre se usa hífen
Usa-se hífen antes dos sufixos de função adjetiva de origem tupi-guarani -açu,-guaçu e –mirim, quando o
primeiro elemento acaba em vogal tônica(cajá-mirim, cipó-guaçu) ou quando se necessita separar a
pronúncia da vogal final da do sufixo (anda-açu)
Usa-se hífen nas formas verbais com pronomes átonos (diga-me, vestir-se, vingá-lo, dizer-lhes)
Se a quebra de linha ocorre onde há um hífen gramatical, deve-se repetir o hífen no início da linha seguinte
LOCUÇÕES
Não se usa hífen em locuções de qualquer tipo (nominais, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas, conjuncionais), com as seguintes exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
Assim:
nominais: água-de-coco, café-da-manhã passam a ser água de coco, café da manhã etc.
adjetivas: cor-de-abóbora, cor-de-açafrão passam a ser cor de abóbora, cor de açafrão etc.
pronominais: nós mesmos, ela própria
adverbiais: à-vontade, antes-de-ontem passam a ser à vontade, antes de ontem
prepositivas: por cima de, a fim de
conjuncionais ao passo que, logo que